Bela, recatada e comunicadora

Bela, recatada e comunicadora

É preciso destacar o papel feminino na comunicação contemporânea, já que muitos ainda duvidam da nossa capacidade. Sim, pois segundo o IBGE, as mulheres ainda ganham, em média, salário equivalente a 74,5% do que recebem os homens no Brasil. Na comunicação, o cenário também não anda animador. No mercado de mídias sociais, por exemplo, os homens ainda recebem mais do que as mulheres, conforme mostrou a pesquisa Raio-X do Profissional de Mídias Sociais no Brasil, realizada pelo Trampos em parceria com a Alma Beta. Na publicidade, as listas com os maiores diretores de criação do Brasil e do mundo raramente citam mulheres.

E não é por falta de trabalhos representativos. Talvez o maior exemplo seja o clássico comercial “Primeiro Sutiã”, da marca Valisére. Se você perguntar às pessoas quem foi o responsável por este filme, certamente dirão apenas Washington Olivetto. Quando, na verdade, o publicitário dividiu a criação com as redatoras Rose Ferraz e Camila Franco.

Apesar da boa representatividade nas assessorias de imprensa, muitas de nós ainda não são levadas a sério por gestores em visitas de prospecção, por exemplo. Muitas vezes, na cabeça do cliente homem, do outro lado da mesa, passa a dúvida: “será que ela sabe do que está falando?”. Eu e, certamente, as mulheres que estão no mesmo papel sabemos sim!

Como comunicadora e empreendedora, não foram poucas as vezes em que fui observada com certa desconfiança e, acredito, apenas por ser do sexo feminino. Aliás, também foram incontáveis as vezes em que eu era a única mulher numa reunião, sendo colocada à prova em consultoria sobre como alavancar a imagem de uma empresa, ou gerar mais vendas por meio de uma imagem mais consolidada, ou amenizar os efeitos de uma crise de imagem, etc.

Mais além, no momento da entrega da proposta de trabalho que segue com um preço justo, a surpresa do cliente e a frase fatídica: “mas você precisa me ajudar”. Sempre sendo questionada como se fosse uma “mãe” que precisa cuidar do filho de forma incondicional. Leia-se nessa frase o cliente pedindo desconto ou para que trabalhássemos por um valor de investimento abaixo do mercado.

Um cenário mais igualitário na questão de gênero depende bastante de nós, empresários e empresárias. Dar oportunidades de crescimento às mulheres é necessário para uma sociedade mais plural, diversificada e até mais talentosa.
E para a mulher que pensa “meu lugar é fazendo follow”, eu digo: seu lugar é fazendo follow, editando texto, reportando resultados em reuniões, gerindo equipes, prospectando, prestando consultoria e o que mais a vida a desafiar.
Porque lugar de mulher no mundo da comunicação é onde ela quiser.

Compartilhe:Share on Facebook0Tweet about this on TwitterShare on LinkedIn0Pin on Pinterest0Email this to someone
Patrícia Casseano
Patrícia Casseano
patricia@gpimage.com.br

Jornalista e Diretora-executiva do Grupo Image.